O concurso consistia na elaboração de propostas para para a ocupação de 70 mil metros quadrados do complexo Ágora Tech Park, além do projeto do primeiro prédio do complexo, com área de aproximadamente 4 mil metros quadrados. Será implantado em uma quadra de 70 mil m2, no Perini Business Park, em frente ao Campus da UFSC no Norte catarinense.
Um dos objetivos dos organizadores foi desenvolver o conceito de “Human Smart Cities”, em que a infraestrutura tecnológica interage e modifica positivamente a vida das pessoas. O júri do concurso foi composto por: Gustavo Cedroni, Mário Biselli, Roberto Loeb, Emerson Edel, Marcelo Hack e Danilo Conti. O contrato para desenvolvimento do projeto já foi assinado. Essa informação renova o otimismo de qualquer arquiteto que se envolve frequentemente em concurso por acreditar que seja a forma mais democrática de se alcançar trabalhos relevantes e interessantes, mesmo no caso de escritórios jovens, como é o caso do Estúdio Módulo. A agilidade demonstra a vontade do realizador em tirar o projeto do papel, diferente da grande maioria dos concursos realizados. A obra já tem data para ser inaugurada: dia 28 de Março de 2019.
Conheça, abaixo, os premiados:
1º lugar
Equipe: Marcus Vinicius Damon (Responsável), Guilherme Bravin, Andressa Diniz
Colaboradores Arquitetura: Daniel Korn, Manon Teillet, Raquel Andrade, Alessandra Figueiredo
Consultor sistemas estruturais: Eng. Leandro Reis
Descrição enviada pela equipe de projeto.
O masterplan pensa o Ágora Tech Park como um polo de atração para o encontro entre sociedade, iniciativa privada, academia e governo, contribuindo para o desenvolvimento regional através de benefícios socioeconômicos para Joinville e Santa Catarina. O projeto se adequa ao conceito de centro tecnológico da IASP (Associação Internacional de Parques Tecnológicos), oferecendo atrativos para empresas de alta tecnologia. O projeto oferecerá ambientes de alta qualidade para as atividades de pesquisa, desenvolvimento, trabalho e lazer. Para isso, a proposta se apropria de conceitos de uma cidade inteligente, atendendo questões relacionadas ao meio ambiente, infraestrutura, mobilidade, qualidade de vida, ecoeficiência e a integração de soluções diferenciadas.
Entendendo os avanços tecnológicos como um dos meios para melhoria da qualidade de vida, a infraestrutura do parque será adequada para soluções que envolvem a Internet das coisas. Serão incorporados serviços avançados que interconectam elementos virtuais e físicos, baseados em tecnologia da informação e comunicação. A solução pode contribuir com a eficiência na produção de energia limpa, reutilização de água, iluminação pública, coleta seletiva, entre outros.
A implantação se harmoniza com o Condomínio Perini Business Park através das linhas retas dos edifícios, das poucas alterações na malha viária, do tráfego de pessoas e veículos. Novas faixas de pedestre serão criadas para facilitar o acesso de pedestres e ciclistas ao novo parque.
A proposta se organiza ao redor da mata existente. Apenas algumas alterações serão feitas, para tornar a vegetação mais agradável para a interação. A preservação da vegetação enfatizará o compromisso do parque tecnológico com sua ecoeficiência.
O edifício sede ocupará a esquina do complexo por ser um local privilegiado visualmente e também estratégico para o restante da construção do parque [ver diagramas ao lado].
Além dos edifícios solicitados (empresas de tecnologia, ensino e pesquisa, hospedagem, anfiteatro e serviços), serão implantados dois outros edifícios: um centro de convenções com pé direito de 10m que poderá receber os mais diversos eventos; e o edifício de Acolhimento ao Visitante, que apresentará um caráter mais lúdico de interação com as tecnologias produzidas no parque, contando com uma maquete interativa que explica o Ágora Tech Park através da realidade aumentada..
O traçado prioriza os pedestres. Por isso, os estacionamentos são locados para evitarem o protagonismo dos veículos e o cruzamento de fluxos dos acessos aos bolsões e calçadas. Para estimular o uso da bicicleta, serão disponibilizados bicicletários coletivos com vestiários e implementação de um sistema de bicicletas compartilhadas, que poderá ser utilizada em todo o condomínio.
A combinação entre boa arquitetura, a produção de energia limpa, e a internet das coisas poderá tornar o parque praticamente autossustentável.
2º lugar
Autores: Eder Alencar, André Velloso, Manoel Fonseca
Colaboradores: Isabella Derenusson, Victor Itonaga, Angelina Trotta, Clara Rezende, Luana Alves
Consultoria em Conforto Ambiental: Juliana Andrade
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Cabe a uma nova ágora, em contexto urbano tão distinto quanto inóspito, criar, a partir de si mesma, o locus de uma cidadania possível e futura em contexto público ainda incipiente.
Embora em espaço privado e com acesso controlado, almeja-se polarizar, ao fundo do campus, as atividades de caráter criativo e especulativo que possam criar um ecossistema de empresas e pequenas revoluções ou emergências, disrupções em ambiente de saudável cooperação e interação.
O espaço que se propõe lançar com este Plano de Ocupação é o espaço do comum, mais ligado etimologicamente à ideia de res publica, em oposição ao não-lugar criado pelos armazéns fechados e arranjados pelos princípios da eficiência e economicidade.
Assim, é preciso recriar o território e suas conexões a partir de seu elemento mais significante: sua paisagem com o horizonte descortinado, mediado pelo remanescente de mata atlântica que adentra a área desse Plano de Ocupação.
Portanto, embora indicada como possível nas bases do concurso, a remoção desse remanescente de mata é descartada. Ao contrário, sua preservação passa a ser “cláusula pétrea” do Plano e configura sua primeira e principal estratégia.
Em suma, a segunda estratégia deste Plano de Ocupação é desenhar o chão, todo ele, como lugar essencial da Ágora contemporânea pretendida. É esse chão que cria o espaço do comum e delimita, sem necessidade da criação de “terrenos baldios” ou setores inóspitos que aguardam a ocupação vindoura, o próprio território futuro que será vislumbrado por todos de maneira sensível. Nesse caso, percebendo as intenções do desenho, o sujeito ali poderá ele mesmo imaginar e criar cenários e antever os edifícios que poderão dar a forma final ao terreno objeto do Plano. Ou seja, os vazios finais já projetados ou os destinados à construções ainda não realizadas, terão significado e uso.
A terceira estratégia é a configuração de edifícios que sejam eles mesmos as portas de entrada e transição entre o espaço público mais inóspito do campus e seu interior verde, vivo, de intensa possibilidade de uso coletivo. Ora protegido, ora mais descortinado, esse interior não se caracteriza por praças muradas, mas por suaves transições na topografia quase plana que é redesenhada sutilmente para essa finalidade.
A topografia retrabalhada dialoga com a presença quase obrigatória de pilotis nas edificações. Ao contrário de uma visão mais estrita e idealizada do pilotis tradicional e brasiliense que se caracteriza como sistema de espaços comuns livres e de baixa ocupação, aqui se caracterizam pelo encontro. Viabilizam espaços de permanência, serviços e amenidades, e condizem com o melhor aproveitamento da área construída, reduzindo custos ambientais e de implantação.
3º lugar
Coordenador: André Augusto Prevedello
Equipe técnica: Tais Mendes de Freitas, Karine Pazemeckas De Faria e Gustavo Beccari
Consultoria em Sustentabilidade: Petinelli - Soluções em Green Building
Paisagismo: Fabio Borges e Peter Burmeister
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Diretrizes para o Masterplan
Reconhecer a relação entre natureza, paisagem e objeto edificado é uma das grandes contribuições brasileiras à arquitetura mundial. Desta forma, buscamos acomodar as necessidades construtivas às especificidades do sítio como condicionante frente à degradação da natureza cada vez mais presente. A definição do programa reflete em um conjunto de diretrizes urbanísticas:
A. Preservação do bosque existente dispondo os blocos em seu perímetro;
B. Integrar o bosque ao condomínio refletindo em sua utilização;
C. Preservação do eixo visual da Via Nápoli;
D. Criação da praça monumental paralela à Av. Fábio Perini;
E. Disposição do bloco de Ensino e Pesquisa próximo ao prédio da UFSC e contíguo à Praça monumental;
F. Disposição dos edifícios de escritórios de tecnologia e hotel com acessos diretos para as ruas e independentes;
G. Disposição de áreas de comércio e serviço como conectores de todos os usos;
H. Adequação à topografia local e locação das vagas de veículo no perfil natural do terreno;
I. Promover equipamentos públicos de relevante importância para a região e de intenso uso social (diversas classes, idades, categorias profissionais), incentivando a diversidade de usos e a dinâmica urbana;
J. Rearticular as 6 faces do terreno em função de sua localização central no complexo;
L. Utilizar uma densidade alta no terreno, cerca de 520 hab/ha aliada a uma baixa taxa de ocupação (32%) de forma a estimular a diversidade e utilizar a infraestrutura já instalada no condomínio.
Entendemos que o primeiro edifício possui uma função simbólica e irá representar um novo patamar de edificações a serem desenvolvidas no condomínio e na cidade. Não apenas sua imagem deve ser uma referência, mas também seu funcionamento. O bloco possuirá as seguintes características:
Ocupação
- Posicionado na esquina das Avenidas Fábio Perini e Av. Pisa de forma a se relacionar diretamente com o restante do condomínio;
- Trata-se de um grande volume de planta quadrada com acessos nas 4 faces sendo hierarquizada o acesso pela Av. Fábio Perini;
- Sua planta aberta irá se comportar como um laboratório social ao promover um amplo espaço de trabalho integrado, estimulando assim as relações pessoais, tecnológicas, de negócios e de convívio;
- Ampla flexibilidade horizontal e vertical;
- As áreas “fechadas” foram agrupadas em um volume único, nomeado como “Núcleo”;
- Possuirá as 4 fachadas em vidro, protegidas por brises verticais e horizontais conforme necessidade e definidos a partir de simulação energética;
Estrutura
- Modulação de 10x10 m em estrutura metálica com pilares em perfil duplo C com espaço para tubulações;
- Cobertura com vigamentos principais em estrutura metálica perfil I com 1,95 m de altura vencendo um vão de 50 m. Travamentos com vigamentos secundários em estrutura metálica perfil I com 0,50 m de altura;
Conforto ambiental
- Brises em vidro temperado serigrafado. Vertical (leste e oeste) e horizontal (norte e sul);
- Venezianas de piso com controle automatizado para captação de ventilação úmida ao redor da planta;
- Iluminação por sheds na cobertura com orientação sul;
- Esquadrias automatizadas nos sheds de iluminação para controle de temperatura por efeito chaminé;
Automação
- Central de gerenciamento com sistema Building Management System para controle de luminosidade, áudio, vídeo, climatização, umidade e ventilação interna e externa (no entorno do edifício);
- Medição de gasto energético por setores, consumo de água e geração de energia (fotovoltáico);
- Iluminação por sensores;
Normas de segurança
- Calculou-se uma população estimada de 640 pessoas;
- Foram projetadas 5 saídas de emergência em nível (-2,00) além da saída ao nível do hall de entrada;
- A população do auditório (nível +6,10) dispõem de escada aberta, quadrado com capacidade de 4 unidades de passagem e tempo de resistência de 2,75 hs ao fogo;
4º lugar
RGB Estúdio + Bruno Cabral Arquitetura + Jakelyne Martins + Balbino e Crosara
Equipe: Bruno Cabral, Frederico Rabelo, Guilherme Andrade, Jakelyne Martins, Manoel Balbino, Rangel Brandão
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Implantação
O maior condomínio multisetorial da América Latina, que abrange diversos segmentos, tecnologias e nacionalidades pretende intensificar seus esforços na direção das relações humanas de forma inteligente e sustentável, o que deverá se refletir no resultado desse concurso. A ideia fundamental está em criar um espaço de discussão e sinergia, áreas de desenvolvimento com privacidade e flexibilidade de layout.
Dentro da abrangência da proposta, o projeto procurou traduzir as aspirações expressas no Edital para o edifício do Ágora Tech Park, com implantação privilegiada no terreno. O masterplan revela uma atitude de respeito com o ambiente natural pré-existente ocupando o perímetro da quadra. Simultaneamente, cria uma hierarquia abarcando os demais espaços a serem desenvolvidos a partir do Ágora. Foram propostos semi-eixos ortogonais que se interceptam na esquina, em um deles são dispostos os edifícios para as empresas de tecnologia, para o ensino e pesquisa, para hospedagem e finalmente para os serviço - a elevação desses edifícios sobre pilotis pretende garantir a permanência da vegetação nativa; no sentido oposto, a partir da esquina, no outro eixo, encontram-se o anfiteatro e os estacionamentos.
Partido
O edifício do Ágora se desenvolve em um pavimento protegido por taludes, o pilotis - que permite maior permeabilidade visual para as áreas adjacentes - e dois pisos superiores que abrigam os espaços de desenvolvimento.
Os pavimentos se fecham em uma caixa, uma Ágora, limitada por uma grelha metálica na cobertura e espelhos d’água no piso. A praça da Antiguidade é reinterpretada e reformatada sem, entretanto, perder sua essência de espaço de discussão e sinergia. A partir dela, o pilotis permeável se expande para o exterior, podendo abrigar eventos como os campus party, potencializando a humanização dos espaços.
A estrutura eleita, em concreto protendido, apresenta lajes nervuradas bidirecionais que garantem grandes vãos e a flexibilidade almejada nos layouts dos pavimentos dos espaços de desenvolvimento.
Células fotovoltaicas instaladas na cobertura na grelha, reuso de água pluvial e servidas (águas cinzas), esquadrias e vidros com isolamento acústico e ventilação cruzada e natural nas áreas comuns sancionam as estratégias de sustentabilidade.
5º lugar
brro arquitetos
Responsável: Bruno Rossi
Equipe: Leticia Sitta, Adriano Bueno
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Plano de Ocupação
Para a implantação do conjunto proposto para o Agora Tech Park imaginamos inicialmente a disposição dos programas descritos e sua relação com os demais edifícios do campus. Para isso, criamos um eixo principal longitudinal a avenida Fabio Perini que multiplica as fachadas do lote e estabelece um passeio protegido que atravessa todo o terreno, inclusive na mata.
Com isso, os edifícios criam uma relação diferente com a rua e com o interior do terreno e desta maneira os programas de uso comum podem ser compartilhados maximizando a infraestrutura projetada. A disposição dos prédios atende esta premissa e agrupa os programas que podem ser pensados como usos coletivos
Ao norte da implantação, ligados ao edifício da UFSC estão os programas de ensino e pesquisa que podem eventualmente ser extensão das atividades acadêmicas da universidade. Ao longo da avenida Fabio Perini, estão os conjuntos de serviços que também poderão atender o campus de uma maneira geral. Este conjunto forma uma fachada ligada à avenida e protege os programas de hospedagem e serviços locais que estão implantados no meio da mata, procurando tranquilidade, contato com a natureza, mais distante do cenário industrial, sem deixar de ter proximidade com os demais usos do complexo.
Optamos por colocar o primeiro edifício a ser construído na esquina das avenidas Fabio Perini e Pisa a fim de criar um marco visual que organiza o conjunto futuro. Na extremidade leste, aproveitando a geometria em L do terreno estão localizados os programas maiores que abrigam as empresas de tecnologia, em blocos que se assemelham em dimensão com os demais blocos existentes.
Entre o primeiro edifício e as empresas de tecnologia, e num eixo central que conecta todo o conjunto está localizado o auditório que pertence à primeira construção e que ao mesmo tempo cria uma praça inferior e configura naturalmente o anfiteatro. Assim, os demais programas podem também usufruir deste espaço coletivo, potenciando os programas e possibilidades e aproveitando o máximo a infraestrutura.
Para todo o conjunto imaginamos que os prédios pudessem ser elevados do solo, com os programas de uso coletivo localizados nos térreos. Desta maneira, teríamos uma grande esplanada coberta com programas compartilhados.
O primeiro Edifício
Para o primeiro edifício queríamos criar uma estrutura de suporte para os diferentes programas previstos inicialmente no programa de necessidades, e que também pudesse se adaptar a outros programas e mudanças de uso. Acreditamos que as novas formas de trabalho dependem de um espaço que seja totalmente flexível.
O edifício, portanto, se estrutura através de uma série de pórticos metálicos no sentido transversal que suportam uma grande cobertura e por sua vez todas as instalações necessárias. Deste modo, não há nenhuma interferência de elemento estrutural que possa atrapalhar os programas. Assim, o espaço é totalmente flexível e se adapta ao tempo.
Nesta estrutura de suporte imaginamos inicialmente fazer fechamentos de pisos a fim de abrigar os programas previstos e liberar visuais, luz e criar relações de alturas diferentes através de grandes vazios. Desta maneira também é possível fazer as ampliações eventuais no prédio, ocupando alguns vazios e agrupando novos programas. Com isso, o prédio tem potencial muito maior que a soma das áreas do programa atual. Para isso, optamos por fazer o fechamento das salas com estruturas leves e totalmente independentes da estrutura do conjunto.
No nível do térreo imaginamos criar uma praça coberta, como extensão das vias existentes. Na esquina das vias Fabio Perini e Pisa está localizada a recepção compartilhada que serve de triagem do percurso e do visitante, que pode seguir os eixos longitudinal e transversal do conjunto. Ainda no térreo estão o café e a praça com pé direito triplo que dá acesso à praça rebaixada que dá acesso ao auditório no subsolo, e o Fab Lab que por sua vez tem a possibilidade de se abrir totalmente à praça descoberta e à mata, criando um universo extenso de possibilidades de usos.
No primeiro pavimento, separados pelos vazios, estão a administração, o coworking e as salas multifuncionais, e no segundo pavimento a cozinha compartilhada e as incubadoras. Neste pavimento, no centro do prédio e com vista para o vazio central está a descompressão que além de garantir uma área agradável ao usuário, pode ser facilmente adaptada às novas formas de trabalho.
Menção Honrosa A
Equipe: Fábio Domingos Batista, Igor Costa Spanger, Luciano Suski, Moacir Zancopé Júnior, Suzanna de Geus, Rodolfo Luís Scuiciato, Aline Proença Train, Janaína Nichele, Eduardo Sinegaglia
Menção Honrosa B
Equipe: Angelo Bucci, Tatiana Ozzetti, Victor Próspero, Martha Bucci, Felipe Barradas, Lucas Roca, Henrique Muniz
Menção Honrosa C
NV estúdio arquitetura + Arch S_A